“Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” 1 Coríntios 6.3
Interessante esse texto
do apóstolo Paulo, quando aparava arestas que haviam surgido na igreja
de Corinto. É bom lembrar que essa era uma importante cidade grega,
capital da Acaia e, iminentemente imersa no paganismo e,
consequentemente, na imoralidade de todas as ordens, principalmente a
sexual. Daí a dificuldade em colocar essa igreja no caminho correto
segundo a Palavra.
A nossa idéia com
esse texto não é debater questões morais; mas sim, uma afirmação
concernente à nossa autoridade no porvir, que tem sido negligenciada por
muitos exegetas; parte por a considerar algo de menor importância (como
se no Reino de Deus houvesse algo desimportante); parte por não se
interessarem no estudo dessa realidade bíblica e espiritual.
Por ser um assunto
grandemente polêmico, desejamos, lançar luzes e suscitar o debate a
respeito do tema. Julgaremos os anjos?
Quais, se fomos feitos pouco
menores do que eles (Salmo 8.5)? A ideia é escrever sem forçar nenhum
texto bíblico, sem a tentativa de incutir conceitos oportunistas na
mente de quem quer que seja. Deus conhece o coração de cada um e, não
ficará impune aquele que induzir a erro o seu irmão.
Poderiam os salvos
julgar os anjos do Senhor? De maneira nenhuma, porque após a queda de
satanás e dos anjos que o seguiram, os anjos do Senhor foram selados (1 tm 5.21) e já
não podem mais pecar. A maior prova disso, é que o Senhor colocou na
porta do Éden querubins para guardar o caminho da árvore da vida do
homem sujo pelo pecado (Gn3.24). Deus não seria incoerente de colocar
tal responsabilidade sobre os ombros de quem não pudesse sustentá-la,
guardá-la.
Você pode me perguntar:
mas Deus não sabia que Adão e Eva pecariam? Sim, sabia. Mas, o homem é a
coroa da criação de Deus, a Sua imagem e semelhança. Deus não criou
robôs, por isso Ele dá o direito ao homem de escolher a benção ou a
maldição. Do contrário, o homem não seria semelhança de Deus, já que O
Senhor tem suas vontades e planos soberanos. Semelhantemente, o homem,
embora não autônomos. Os anjos não. Estes foram selados para obedecer
as ordens de Deus em tudo, sem questionamentos, apenas para servir e
cuidar daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).
Se o homem não pode
julgar aos anjos do Senhor, poderia julgar a satanás e a seus anjos? Não
porque estes já estão julgados (Jo 16.17; Lc 10.18; Hb 2.14). Mas
então, a quem os salvos julgarão? Aos anjos que pecaram e se
arrependeram.
Estes anjos estão sob
custódia, aguardando julgamento. O Senhor não os perdoou, mas permitiu
que fossem julgados por nós, os salvos. Eles estão presos nas cadeias da
escuridão (2 Pe 2.4; Jd 6), porque deixaram seu principado, a sua
atribuição, desprezando também a sua habitação, pela sedução de satanás,
que levou um terço dos anjos dos céus (Apocalipse 12.4a).
Não nos esqueçamos que
satanás era perfeito em formosura, querubim ungido para proteger e,
extremamente sedutor, sábio e inteligente. Lúcifer, o que traz a luz,
desenvolveu tão bem as suas atribuições e era tão perfeito em seus
caminhos, que julgou ser maior do que Deus; queria colocar seu trono
sobre o de Deus; achou que tinha maior importância do que o Criador (Ez
28.4-6; Is 14.12-15). E aí, veio a sua queda, e nessa, muitos
arrependeram-se e estão em cadeias aguardando julgamento.
Mas, por que os anjos rebeldes se arrependeram?
Porque aqueles que foram
fiéis a Deus foram selados (1 tm 5.21), já não podem morrer (Lc
20.35,36) e, não estão limitados a tempo e espaço. Alguns dos rebeldes
estão presos, outros têm sua ação limitada à terra.
Aqui cabe um parênteses:
a Angeologia diz que um anjo é 185.000 vezes mais poderoso do que um
homem. Teoricamente, se estivermos falando de um querubim, multiplique
por 7 e, se de um serafim por 49 vezes. Em sendo verdadeira essa
proporção, a maior derrota e humilhação de satanás e seus anjos é ser
derrotado e destronado por homens que são feitos do pó da terra. Eles são obrigados a
rastejar no pó; eles são obrigados a se submeter a nós, pelo poder de
Jesus Cristo, que nos transferiu essa autoridade (Lucas 10.19).
Como consequência de sua
fidelidade, os anjos fiéis receberam graça suficiente para habilitá-los
a manter sua posição de perseverança, pela qual foram confirmados em
sua condição e agora são incapazes de pecar, logo não podem morrer. Sua
atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6;
Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2; Ap 5.11).
Lançadas foram aqui as
bases de um edificante debate; que o Espírito Santo tome a direção de
nossos corações em cresçamos em estatura, graça e conhecimento diante de
Deus e dos homens.
Com amor,
Washington Santos.
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