quarta-feira, 25 de abril de 2012

Julgaremos os anjos?


“Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” 1 Coríntios 6.3

Interessante esse texto do apóstolo Paulo, quando aparava arestas que haviam surgido na igreja de Corinto. É bom lembrar que essa era uma importante cidade grega, capital da Acaia e, iminentemente imersa no paganismo e, consequentemente, na imoralidade de todas as ordens, principalmente a sexual. Daí a dificuldade em colocar essa igreja no caminho correto segundo a Palavra.

A nossa idéia com esse texto não é debater questões morais; mas sim, uma afirmação concernente à nossa autoridade no porvir, que tem sido negligenciada por muitos exegetas; parte por a considerar algo de menor importância (como se no Reino de Deus houvesse algo desimportante); parte por não se interessarem no estudo dessa realidade bíblica e espiritual.

Por ser um assunto grandemente polêmico, desejamos, lançar luzes e suscitar o debate a respeito do tema. Julgaremos os anjos? 

Quais, se fomos feitos pouco menores do que eles (Salmo 8.5)? A ideia é escrever sem forçar nenhum texto bíblico, sem a tentativa de incutir conceitos oportunistas na mente de quem quer que seja. Deus conhece o coração de cada um e, não ficará impune aquele que induzir a erro o seu irmão.

Poderiam os salvos julgar os anjos do Senhor? De maneira nenhuma, porque após a queda de satanás e dos anjos que o seguiram, os anjos do Senhor foram selados (1 tm 5.21) e já não podem mais pecar. A maior prova disso, é que o Senhor colocou na porta do Éden querubins para guardar o caminho da árvore da vida do homem sujo pelo pecado (Gn3.24). Deus não seria incoerente de colocar tal responsabilidade sobre os ombros de quem não pudesse sustentá-la, guardá-la.

Você pode me perguntar: mas Deus não sabia que Adão e Eva pecariam? Sim, sabia. Mas, o homem é a coroa da criação de Deus,  a Sua imagem e semelhança. Deus não criou robôs, por isso Ele dá o direito ao homem de escolher a benção ou a maldição. Do contrário, o homem não seria semelhança de Deus, já que O Senhor tem suas vontades e planos soberanos. Semelhantemente, o homem, embora não autônomos. Os anjos não. Estes  foram selados para obedecer as ordens de Deus em tudo, sem questionamentos, apenas para servir e cuidar daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).

Se o homem não pode julgar aos anjos do Senhor, poderia julgar a satanás e a seus anjos? Não porque estes já estão julgados (Jo 16.17; Lc 10.18; Hb 2.14). Mas então, a quem os salvos julgarão? Aos anjos que pecaram e se arrependeram.

Estes anjos estão sob custódia, aguardando julgamento. O Senhor não os perdoou, mas permitiu que fossem julgados por nós, os salvos. Eles estão presos nas cadeias da escuridão (2 Pe 2.4; Jd 6), porque deixaram seu principado, a sua atribuição, desprezando também a sua habitação, pela sedução de satanás, que levou um terço dos anjos dos céus (Apocalipse 12.4a).

Não nos esqueçamos que satanás era perfeito em formosura, querubim ungido para proteger e, extremamente sedutor, sábio e inteligente. Lúcifer, o que traz a luz, desenvolveu tão bem as suas atribuições e era tão perfeito em seus caminhos, que julgou ser maior do que Deus; queria colocar seu trono sobre o de Deus; achou que tinha maior importância do que o Criador (Ez 28.4-6; Is 14.12-15). E aí, veio a sua queda, e nessa, muitos arrependeram-se e estão em cadeias aguardando julgamento.


Mas, por que os anjos rebeldes se arrependeram?


Porque aqueles que foram fiéis a Deus foram selados (1 tm 5.21), já não podem morrer (Lc 20.35,36) e, não estão limitados a tempo e espaço. Alguns dos rebeldes estão presos, outros têm sua ação limitada à terra.

Aqui cabe um parênteses: a Angeologia diz que um anjo é 185.000 vezes mais poderoso do que um homem. Teoricamente, se estivermos falando de um querubim, multiplique por 7 e, se de um serafim por 49 vezes. Em sendo verdadeira essa proporção, a maior derrota e humilhação de satanás e seus anjos é ser derrotado e destronado por homens que são feitos do pó da terra. Eles são obrigados a rastejar no pó; eles são obrigados a se submeter a nós, pelo poder de Jesus Cristo, que nos transferiu essa autoridade (Lucas 10.19).

Como consequência de sua fidelidade, os anjos fiéis receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são incapazes de pecar, logo não podem morrer. Sua atividade mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2; Ap 5.11).

Lançadas foram aqui as bases de um edificante debate; que o Espírito Santo tome a direção de nossos corações em cresçamos em estatura, graça e conhecimento diante de Deus e dos homens.

Com amor,
Washington Santos.

terça-feira, 24 de abril de 2012

CDs religiosos abrem espaço no varejo tradicional

Do Valor Econômico, 23/04/2012
Por Bruna Cortez | De São Paulo


Não é de hoje que a música religiosa é um dos segmentos mais promissores da indústria fonográfica, duramente abalada pela internet e a pirataria. No Brasil, embora não existam dados oficiais de quanto o segmento representa da venda total de música, os sinais dessa importância crescente são claros. Desde 2006, os padres Marcelo Rossi e Fábio de Mello se revezam no primeiro lugar entre os álbuns mais vendidos, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). E no ano passado, sete dos 20 CDs campeões de vendas eram de algum artista religioso.

Regis Filho/Valor / Regis Filho/Valor 
João Paulo da Silva Bueno, da Livraria Cultura: álbuns religiosos ainda representam 1% do faturamento com música da rede, mas vendas dobraram em 2011
 
As grandes gravadoras perceberam a oportunidade há algum tempo, criando selos próprios ou investindo em artistas do gênero como parte de seu catálogo principal. Mas faltava um elo na cadeia. Em geral, quem queria encontrar um CD religioso, principalmente de artistas evangélicos, tinha de procurar uma loja especializada. Isso está mudando rapidamente. À semelhança das gravadoras tradicionais, que passaram a disputar espaço com selos específicos, grandes redes varejistas estão trazendo para suas prateleiras álbuns do gênero. Nas lojas das redes Fnac, Saraiva e Livraria Cultura, esses CDs já são tratados como um segmento comercial estabelecido, como o rap, o hip-hop ou a música clássica.

"Os álbuns religiosos ainda representam apenas 1% do nosso faturamento com música, mas as vendas de produtos no segmento dobraram em 2011", diz João Paulo da Silva Bueno, responsável pelas compras de CDs da Livraria Cultura. "Não é uma área que a gente possa ignorar."

O cenário é semelhante em outras redes varejistas, nas quais as vendas do segmento religioso são recentes e modestas, mas apresentam um ritmo de crescimento galopante.

Um dos motivos por trás desse movimento é a profissionalização do setor. Durante muito tempo, os álbuns religiosos foram sinônimo de produções amadoras, bancadas com recursos próprios e feitas em estúdios de segunda linha. Nos últimos anos, com o interesse crescente do público - e, em particular, o aumento da população evangélica - os CDs ganharam qualidade de produção e recursos de marketing. "Não é só o que está sendo cantado, mas como está sendo cantado", resume Bueno, da Livraria Cultura.

A profissionalização é tanto resultado da entrada das grandes gravadoras, quanto do investimento crescente dos selos especializados. "Se antes os produtos eram vistos como de péssima qualidade, hoje não deixamos nada a desejar em termos de arranjos, produção e projeto gráfico", diz Ana Paula Porto, gerente executiva da Graça Music, gravadora especializada criada em 1999.

A melhoria, reconhecida na indústria fonográfica, lembra um fenômeno tipicamente americano. Nos Estados Unidos, onde os protestantes representam 51,3% da população, segundo dados do projeto Pew Forum, foi criada uma ativa e bem-sucedida indústria de música religiosa. Estrelas como a cantora pop Whitney Houston e a diva da ópera Jessye Norman começaram em coros de igreja antes de fazer sucesso em esferas musicais mais amplas, mas o segmento religioso conta com estrelas próprias e até um prêmio específico - o Dove - com importância proporcionalmente semelhante à do Grammy.

O apuro técnico é um dos elementos que ajudam a vender - e bem - a música religiosa nos EUA. Em 2008, data dos números oficiais mais recentes, os americanos compraram mais de 56 milhões de álbuns religiosos, com um aumento de 38% em relação ao ano anterior, segundo dados da Gospel Music Association.

No Brasil, a entrada das gravadoras tradicionais, a partir de 2007, deu um empurrão adicional aos negócios ao proporcionar às lojas uma familiaridade com o segmento que não existia anteriormente. "O fato de já trabalharmos com as grandes gravadoras facilitou a compra [de álbuns religiosos] pela Fnac", diz Juliana Bego, gerente comercial de produtos editoriais da rede varejista.

Conhecer bem o interlocutor pode parecer um detalhe, mas é fundamental no caso da música religiosa. Existem no Brasil mais de 120 selos especializados, segundo dados da organização do Salão Internacional Gospel. Muitas dessas gravadoras têm tamanho reduzido e são ligadas a igrejas evangélicas, com menor apelo para o grande varejo. O trabalho para os lojistas é selecionar as gravadoras com maior potencial de vendas.
As redes varejistas ouvidas pelo Valor informaram estar negociando com os selos religiosos, diretamente ou por meio de distribuidores. Isso está permitindo que nomes de sucesso no universo religioso ganhem espaço nas gôndolas, mesmo que ainda não sejam tão conhecidos do grande público. A lista inclui artistas como Aline Barros, Ana Paula Valadão, Diante do Trono, Cassiane e Regis Danese. "Não deixamos de trazer [um álbum] porque não sabemos quem é o artista", diz Bueno, da Livraria Cultura.

Para as lojas, a oferta crescente de música religiosa não significa que um novo tipo de público passou a percorrer suas estantes. Essa é outra constatação importante. As livrarias perceberam que uma parte dos consumidores que compra regularmente livros e álbuns religiosos é a mesma que adquire artigos comuns, ou seculares. A diferença é que se antes eles tinham de vasculhar lojas diferentes, hoje encontram tudo - ou, pelo menos, um número maior de artigos - no mesmo lugar.



Crescimento de evangélicos influencia fenômeno


Embora não seja um fenômeno exclusivamente evangélico, o sucesso da música religiosa no Brasil tem muito a ver com o crescimento recente de dois grupos de matiz evangélica: os pentecostais e neopentecostais.

Foram essas denominações que puxaram o crescimento da população evangélica, que aumentou de 9% para 15,4% da população total entre 1991 e 2000, segundo dados do Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, a participação dos pentecostais - igrejas como Assembleia de Deus e Congregação Cristã do Brasil, fundadas no início do século passado - subiu de 5,6% para 10,6%.

O crescimento superou com folga o dos evangélicos de missão - seguidores de igrejas protestantes com raízes europeias, como anglicanas, luteranas e presbiterianas -, que cresceram de 3% para 4% no período. Não há dados específicos sobre o número de neopentecostais, como os fiéis de igrejas como Renascer e Universal do Reino de Deus, que foram criadas nos anos 70, mas permanecem incluídas no grupo dos pentecostais para efeito do censo.

A principal diferença entre os evangélicos de missão e os pentecostais e neopentecostais é o tipo de mensagem oferecida aos fiéis, diz Antônio Flávio de Oliveira Pierucci, professor de sociologia da religião da Universidade de São Paulo (USP). "[Nessas igrejas] fala-se em prosperidade e melhoria de vida agora e não em outro mundo [após a morte], como acontece nas igrejas mais tradicionais", diz o acadêmico.

Os dados relativos à religião do Censo 2010 ainda não foram divulgados, mas outras fontes indicam, em períodos mais recentes, um aumento ainda maior que o da década anterior. De acordo com o instituto de pesquisa Datafolha, os evangélicos já representavam 25% dos brasileiros em outubro de 2010.

Frente ao crescimento expressivo, há quem diga que os evangélicos podem somar até 50% da população em 2020. Para o especialista da USP, a previsão é pouco factível. O crescimento tem sido puxado pelas duas primeiras gerações de pentecostais e neopentecostais, afirma Pierucci, e vai perder ímpeto com o passar do tempo. "Nas igrejas mais tradicionais, já se observa um fenômeno parecido com o que atingiu o catolicismo", diz o especialista.

Outro fenômeno que começa a ocorrer no Brasil é o surgimento do "evangélico genérico". O termo é usado para caracterizar alguém que é evangélico, mas não se prende a uma denominação específica, seja ela de missão, pentecostal ou neopentecostal. "É um evangélico praticante, mas não muito", diz Pierucci.
 
 

Segmento ganha exposição com grandes gravadoras

De São Paulo
Luciana Whitaker/Valor / Luciana Whitaker/Valor 
Marcelo Soares, diretor-geral da Som Livre: "Esse é o topo do iceberg de um movimento que passou anos se solidificando"
 

Visibilidade é um dos componentes centrais da roda-viva que alimenta a indústria fonográfica. Vender disco - seja um CD ou um arquivo de áudio via internet - depende, em grande medida, da exposição do artista a seu público potencial. E quanto mais álbuns vendidos, maior a capacidade da gravadora de fazer publicidade.

No caso da música religiosa, o interesse das grandes gravadoras foi fundamental para divulgar a um público mais amplo nomes só conhecidos de um círculo restrito de consumidores, dizem os varejistas. "A força de uma grande gravadora faz um trabalho de mídia que ajuda a vender esse tipo de produto", afirma Juliana Bego, gerente comercial de produtos editoriais da Fnac.

Para as gravadoras, o trabalho de marketing exigido pelo mercado religioso também é facilitado por uma característica específica desse segmento, principalmente no caso dos artistas evangélicos. O ponto é que, embora existam igrejas evangélicas muito diferentes entre si - dos protestantes históricos aos pentecostais e neopentecostais -, trata-se de um público com hábitos mais homogêneos no que se refere ao consumo de artigos religiosos. Os selos fonográficos sabem melhor com que público estão falando, o que torna mais eficiente a mensagem publicitária.

As estratégias variam de gravadora para gravadora. A Sony decidiu criar uma divisão específica. "Se tratássemos [o segmento] de maneira comum, não conseguiríamos ter acesso a esse público", afirma Mauricio Soares, diretor do departamento gospel da Sony. Soares já havia trabalhado em gravadoras especializadas e foi contratado pela Sony em 2010 para criar a unidade.

Um dos principais desafios, diz o diretor, foi estabelecer o relacionamento com os pontos de venda especializados, que continuam fundamentais nesse mercado. Agora, dois anos depois de iniciar suas atividades, a divisão gospel da Sony tem contato com cerca de 200 desses pontos. O diretor não divulga os resultados financeiros da unidade, mas afirma que o retorno veio "muito rápido".

Atrair artistas é outro desafio para as grandes gravadoras. As sondagens - a despeito da possibilidade de maior exposição - nem sempre são recebidas de braços abertos. "[Muitos cantores evangélicos] são pessoas que começam a fazer música não necessariamente para ter uma carreira", afirma Marcelo Soares, diretor-geral da Som Livre. "No momento em que o caminho [religioso] cruza com o secular, acontece uma desconfiança".

A Som Livre não divulga números específicos do segmento religioso. As vendas de CDs e DVDs nesse segmento, incluindo os de artistas católicos, representaram 25% do total vendido em 2011, em número de unidades, ante 20% em 2010. Na gravadora, o sentimento é de que a curva vai se acentuar ainda mais nos próximos anos. "O que vemos hoje é o 'topo do iceberg' de um movimento que passou anos se solidificando", afirma o diretor-geral da Som Livre.

Somadas, a Sony e a Sony Livre lançaram 23 produtos de artistas brasileiros do segmento religioso em 2011, entre CDs e DVDs. De forma mais tímida, a Universal Music também entrou nesse mercado no ano passado, com o lançamento do CD e do DVD da cantora Carol Celico, esposa do jogador de futebol Kaká.

Para quem já estava nesse mercado, como as gravadoras especializadas MK Music e Graça Music, a chegada dos grandes selos não é vista de maneira negativa. "A disputa é boa porque nos faz querer melhorar", afirma Marina Oliveira, sócia e diretora artística da MK. A gravadora foi criada há 26 anos e tem um faturamento médio de R$ 30 milhões por ano. De acordo com a executiva, vários de seus contratados têm sido procurados por grandes gravadoras, mas muitos deles preferem não deixar a empresa.

Site leva clipes para a internet

Por De São Paulo
 
No universo da internet, começam a surgir empresas brasileiras que estão de olho no segmento religioso. A LouveTV, rede social e canal de transmissões on-line de clipes musicais evangélicos, é uma dessas companhias.

"É um mercado em ascensão, no qual temos um número cada vez maior de artistas", afirma David Almiron, sócio-fundador da LouveTV. O site, lançado no fim do ano passado, exibe clipes de cantores evangélicos e permite adicionar amigos, enviar mensagens e compartilhar fotografias - recursos tradicionais de redes sociais.

O projeto teve um investimento inicial de R$ 1 milhão e foi financiado por Almiron e pelos sócios Alberto Vilar, Lêka Coutinho, Eduardo Rodrigues e Evandro Paiva. Todos já tinham experiência no mercado fonográfico tradicional. Os planos da LouveTV incluem um aporte de mais R$ 2 milhões até 2013.

De acordo com Almiron, a descoberta do potencial do mercado de música religiosa ocorreu em 2005, quando ele produziu o clipe de um artista do gênero pela primeira vez. Inicialmente, a ideia do executivo era um canal de música gospel na TV. As dificuldades e os custos relacionados à concessão de licenças, porém, afastaram essa possibilidade e o projeto foi adaptado para a web.

O site levou cerca de oito meses para ser desenvolvido e a principal fonte de receita é a venda de espaço publicitário. "Vamos entrar em contato com anunciantes e patrocinadores compatíveis com o público do site", diz. Para exibir os clipes de artistas religiosos, a LouveTV firmou acordos com selos especializados e grandes gravadoras, como a Sony Music.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O que é ser um pastor

O QUE É SER UM PASTOR

Ser pastor é muito mais que ser um pregador. Está além de ser um administrador de igreja. Muito além de professor ou conferencista. Ser pastor é algo da alma, não apenas do intelecto.

Ser pastor é sentir paixão pelas almas. É desejar a salvação de alguém de forma tão intensa, que nos leve à atitude solidária de repartir as boas-novas com ele. É chorar pelos que se mantém rebeldes. É pensar no marido desta irmã, no filho daquela outra, na esposa do obreiro, nos vizinhos da igreja, nos garotos da rua. Ser pastor é tudo fazer para conseguir ganhar alguns para Cristo.

Ser pastor é festejar a festa da igreja. É alegrar-se com a alegria daquele que conquista um novo emprego, daquele que se gradua na faculdade, daquele que recebe a escritura da casa própria ou do outro que recebeu alta no hospital. Ser pastor é ter o brilho de alegria ao ver a felicidade de um casal apaixonado, ao ver o sucesso na vida cristã de um jovem consagrado, é festejar a conversão de um familiar de alguém da igreja por quem há tempos se vinha orando. Ser pastor é desejar o bem sem cobiçar para si absolutamente nada, a não ser a felicidade de participar dessa hora feliz.

Mas ser pastor também é chorar. Chorar pela ingratidão dos homens. Chorar porque muitas vezes aqueles a quem tanto ajudou são os primeiros a perseguirem-nos, a esfaquearem-nos pelas costas, a criticarem-nos, a levantarem falso testemunho contra a igreja e contra nós. É chorar com os que choram, unindo-nos ao enlutado que perdeu um ente querido, é dar o ombro para o entristecido pela perda de um amor, é ser a companhia do solitário, é ouvir a mesma história uma porção de vezes por parte do carente. Chorar com a família necessitada, com o pai de um drogado, com a mãe da prostituta, com a família do traficante, com o irmão desprezado.

Ser pastor é não ter outro interesse senão o pregar a Cristo. É não se envolver nos negócios deste mundo, buscando riquezas, fama e posição. É saber dizer não quando o coração disser sim. É não ir à casa dos ricos em detrimento dos pobres. É não dar atenção demasiada para uns, esquecendo-se dos outros. É não ficar do lado dos jovens, em detrimento dos adultos e vice-versa. Ser pastor é não envolver-se em demasia com as pessoas, ao ponto de se perder a linha divisória do amor e do respeito, do carinho e da disciplina. Ser pastor é não aceitar subornos nem tampouco desprezar os não expressivos.

Ser pastor é ser pai. É disciplinar com carinho e amor, conquanto com a firmeza da vara, da correção e, não raras vezes, da exclusão de pessoas queridas. É obedecer a Bíblia, não aos homens. É seguir a Deus, não ao coração. Ser pastor é ser justo. Ser pastor é saber dizer não, quando a emoção manda dizer sim. Ser pastor é ter a consciência de não ser sempre popular, principalmente quando tiver que tomar decisões pesadas e difíceis, e saber também ser humilde quando a bênção de Deus o enaltecer diante do rebanho e diante do mundo. Os erros são nossos, mas a glória é de Deus.

Ser pastor é levantar-se quando todos estão dormindo e dormir quando todos estão acordados, socorrendo ao necessitado no horário da necessidade. Ser pastor é não medir esforços pela paz. É pacificar pais e filhos, maridos e esposas, sogros e genros, irmãos e irmãs. Ser pastor é sofrer o dano, o dolo, a injustiça, confiando naquele que é o galardoador dos que o buscam. Ser pastor é dar a camisa quando lhe pedem a blusa, andar duas milhas quando o obrigam a uma, dar a outra face quando esbofeteado.

Ser pastor é estar pronto para a solidão. É manter-se no Santo dos Santos de joelhos prostrados, obtendo a solução para os problemas insolúveis. Ser pastor é não fazer da esposa um saco de pancadas, onde descontar sua fragilidade e cansaço. Ser pastor é ser sacerdote, mantendo sigilo no coração, mantendo em segredo o que precisa continuar sendo segredo, e repartindo com as pessoas certas aquilo que é "repartível". Ser pastor é muitas vezes não ser convidado para uma festa, não ser informado de uma notícia ou ser deixado de fora de um evento, e ainda assim manter a postura, a educação, o polimento e a compaixão. Ser pastor é ser profeta, tornar o seu púlpito um "assim diz o Senhor", uma tocha flamejante, um facho de luz, uma espada de dois gumes, afiada e afogueada, proclamando aos quatro ventos a salvação e a santificação do povo de Deus.

Ser pastor é ser marido e ser pai. É fazer de seu ministério motivo de louvor dentro e fora de casa. É não causar à esposa a sensação de que a igreja é uma amante, uma concorrente, que lhe tira todo o tempo de vida conjugal. Ser pastor é amar aos seus filhos da mesma forma que ensina aos pais cristãos amarem aos seus. É olhar para os olhos de seus filhos e ver o brilho de seus próprios olhos. É preocupar-se menos com o que os outros vão pensar e mais no que os filhos vão aprender, sentir e receber. É ver cada filho crescer, dando a cada um a atenção e o amor necessários. É orgulhar-se de ser pai, alegrar-se por ser esposo, servir de modelo para o povo. E, quando solteiro, tornar a sua castidade e dignidade modelo dos fiéis, enaltecendo ao Senhor, razão de sua vida.

Ser pastor é pedir perdão. Se os pastores fossem super-homens, Deus daria a tarefa pastoral aos anjos, mas preferiu fazer de pecadores convertidos os líderes de rebanho, pois, sendo humanos, poderiam mostrar aos demais que é possível ser uma bênção. Mas, quando pecarem, saberem pedir perdão. A humildade é uma chave que abre todas as portas, até as portas emperradas dos corações decepcionados. A humildade pode levar o pastor à exoneração, como prova de nobreza e integridade, como pode fazê-lo retomar seus trabalhos com maior pujança e vigor. Há pecados que põem fim a um ministério e ser pastor é saber quando o tempo acabou. Recomeçar é possível, mas nem sempre. Ser pastor é saber discernir entre ficar ou sair, entre continuar pastor e recolher-se respeitosamente.

Ser pastor é crer quando todos descreem. Saber esperar com confiança, saber transmitir otimismo e força de vontade. É fazer de seu púlpito um farol gigantesco, sob cuja luz o povo caminha sempre em frente, para cima e em direção a Deus. Ser pastor é ver o lado bom da questão, é vislumbrar uma saída quando todos imaginarem que é o fim do túnel. Ser pastor é contagiar, e não contaminar. Ser pastor é inovar, é renovar, é oferecer-se como sacrifício em prol da vontade de Deus. Ser pastor é fazer o povo caminhar mais feliz, mais contente, é fazer a comunidade acreditar que o impossível é possível, é fazer o triste ser feliz, o cansado tornar-se revigorado, o desesperado ficar confiante e o perdido salvar-se. As guerras não são ganhas com armas, mas com palavras, e as do pastor são as palavras de Deus, portanto, invencíveis.

Ser pastor é saber envelhecer com dignidade, sem perder a jovialidade. É ser amigo dos jovens e companheiro dos adultos. Ser pastor é saber contar cada dia do ministério como uma pérola na coroa de sua história. Ser pastor é ser companhia desejada, querida, esperada. É saber calar-se quando o silêncio for a frase mais contundente, e falar quando todos estiverem quietos. Ser pastor é saber viver. Ser pastor é saber morrer.

E quando morrer, deixar em sua lápide dizeres indeléveis, que expressem na mente de suas ovelhas o que Paulo quis dizer, quando estava para partir: "combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé". Ser pastor é falar mesmo depois de morto, como o justo Abel e o seu sangue, através de sua história, de seu exemplo, de seus escritos, de suas gravações. Ser pastor é deixar uma trilha na floresta, para que outros venham habitar nas planícies conquistadas para o Reino do Senhor. Ser pastor é fazer com que os filhos e os filhos dos filhos tenham um legado, talvez não de propriedades, dinheiro ou poder político, mas o legado do grande patriarca da família, daquele que viveu e ensinou o que é ser um pastor.


 
 By: Pastora Wilma Ribeiro http://ministeriodapastorawilma.blogspot.com